O meu povo foi assassinado … lamento-o em minha solidão...
Em sua morte nasce a minha afirmação !
Morreu no ultraje praticado por quem dizia ser de uma nação,
e eram apenas imundos seres, fanatizados,
apodrecidos nos berços da maldição ...
Sacrificaram um povo inteiro ...
transformado em pássaros com asas quebradas,
deixados para trás como se não pertencessem a nada ...
e eram apenas imundos seres, fanatizados,
apodrecidos nos berços da maldição ...
As serras, as matas e os planaltos da minha terra
estão submersos por lágrimas e sangue vertido por cruel traição !...Sacrificaram um povo inteiro ...
transformado em pássaros com asas quebradas,
deixados para trás como se não pertencessem a nada ...
Morreu porque os monstros do inferno se ergueram contra
ele,
destruíndo tudo que crescia nos campos,
como hienas esfaimadas devoraram
até à última provisão !
Aqueles que sobreviveram da guerra morreram de fome ...
Aqueles que sobreviveram da guerra morreram de fome ...
E os que não pereceram de inanição ...
foram ceifados pelas armas ... sem compaixão ...
Morreram para dar lugar às víboras e aos filhos das víboras
que cuspiam seu veneno por todos os lugares ...
em orgias de crime ... em alegria ilícita ...
daqueles que o poder era única ambição,
e a humanidade era palavra de ilusão,
e a humanidade era palavra de ilusão,
E tenho fundo negro de luto sobre o palco de meu coração.
Mas, prestem atenção aos ventos ... repercutem mensagem ...
Nos batuques ressoam o seu choro,
Ouçam a voz que ouve fogo ...
Ouçam a voz da água ... O suspiro no mato ...
É a fuga dos que foram mortos ... não estão longe;
descansam na sombra de espessura .
Não estão no sub-solo ...
Estão no fogo calmo dos que choram ...
Nas florestas ruidosas sob a luz da lua ...
Nas estrelas que brilham lá em cima tão altas, entre as nuvens escuras ...
Estão no trovão que ruge forte de raiva, separando o breu da luz
como navalha afiada que corta o fruto maduro !
Estão na árvore que ronca na floresta;
Estão nas águas revoltas que gemem vertidas nos rios !
Os ventos correm ruidosos pelas montanhas, que ainda
falam de mim !...
Se eu tivesse asas como um pássaro para voar sobre as
mais afastadas
e segredar-lhes que estou presente !...
Porque com nossos pés pisamos a terra das gazelas
e com nossas mãos tocamos o céu de Deus, que anuncia
que o futuro será levado em ombros através do país dos mortos ...
Porque com nossos pés pisamos a terra das gazelas
e com nossas mãos tocamos o céu de Deus, que anuncia
que o futuro será levado em ombros através do país dos mortos ...
porque ressoam batuques nos ventos de Angola !
Poema de, Rogéria Gillemans
Registado no Ministério da cultura - Inspecção Geral das Actividades Culturais, I.G.A.C. – Processo N° 3089/2009.