Já não sei quem disse tão pouco importa:
"Por cada boca que existe para alimentar dois braços são força de produção".
Esta verdade fez um país, um dos maiores ao sul de África, Angola.
Essa escala de grandeza sentia-a sempre, e em todos os lados; na dimensão das suas chanas, na dimensão do seu deserto, no branco florido dos seus campos de algodão, no vermelho rubro dos seus campos de café, no agreste das suas serras, no vermelho-laranja do seu pôr do sol, no azul das suas águas oceânicas, nas negras fitas de asfalto, quais cordões umbilicais a ligarem entre si as cidades feitas pelos homens.
Angola vivi-a com esses mesmos homens que ao cantar do galo enfiavam as calças de ganga, as botas com cordas, e pela boca abaixo o mata-bicho apressado.
Angola suada, gemida, sofrida diariamente nesse mato, nas suas cidades, e na sua grandiosa e bela capital à beira- mar implantada; foi campo de trabalho e de dor;
Do tractorista, do agricultor, do médico, do enfermeiro, do comerciante, do veterinário, do engenheiro, do professor, do jornalista, do funante, do industrial, do negro, do branco, do mestiço.
Lá ficaram testemunhos de um trabalho grandioso. As cidades, as estradas, as fazendas, as fábricas, as barragens, os laboratórios, as oficinas, os hospitais, as clínicas, as escolas, as universidades, as pecuárias, os vastos campos de agricultura.
Ali nasceu um país, feito por gente de sofrer, de querer e de dar.
Mas lá… Nas costas atlânticas ao sul de África ficou mais do que um país, ficou o amargo sabor de um amor traído.